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O Estado de S. Paulo - 5 de julho de 1999

Bancada do ABC defende região na Assembléia

Sete deputados deixam suas diferentes legendas de lado para trabalhar juntos, como grupo "oficial"

Ricardo Osman

Os computadores da liderança do PSDB na Assembléia Legislativa têm em seus arquivos informações detalhadas sobre a movimentação e as emendas apresentadas por um "partido" chamado ABC. A sigla inexiste nos fichários da Justiça Eleitoral e jamais eleitor algum votou nela. Mas as máquinas da Casa não são tolas. As letras referem-se a Santo André, São Bernardo e São Caetano, origem, com outras quatro cidades, da bancada que mostrou força e organização na votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) na semana passada.

São sete deputados (do total de 94) de cinco partidos, tanto da oposição como da base governista, que deixaram de lado a filiação em suas legendas para jurar fidelidade aos interesses destas cidades da região metropolitana de São Paulo. Neste ano, a tática, que nas legislaturas anteriores já vinha sendo amadurecida, foi oficializada: depois de seis reuniões eles assinaram conjuntamente 65 emendas à LDO, peça que define metas e prioridades para o Estado.

Representantes de 2,3 milhões de habitantes e de cidades que, somadas, têm receita anual de R$ 1,3 bilhão, eles fizeram pressão sobre o relator da Comissão de Finanças e Orçamento, Roberto Engler (PSDB), - que os trata em entrevista como se integrassem um "partido" -, brigaram no plenário e conseguiram a aprovação de nove propostas, um número considerado "bom" pelo petista José de Fillipi, ex-prefeito de Diadema, representante da bancada do ABC na comissão.

"Rompemos a lógica do deputado só pensar em seu umbigo", garante Fillipi. "A estratégia deu certo; assinamos juntos todas as emendas e consideramos a região como um todo." A presença no grupo de deputados dos partidos aliados ao governo (PTB, PPB e PL) também ajudou, admite.

A bancada é integrada pelo petista Vanderlei Siraque, ex-vereador de Santo André; os deputados José Augusto, ex-prefeito de Diadema, e Marco Antônio Tortorello, de São Caetano, ambos do PPS; o ex-prefeito de Santo André e ex-deputado federal Newton Brandão (PTB); o ex-vereador de São Bernardo Ramiro Meves (PL) e Daniel Marins, advogado de São Caetano do Sul, do PPB. A lista inclui Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra.

A articulação desses parlamentares tem por trás a ação da Câmara Regional do Grande ABC, do Consórcio Intermunicipal e do Fórum de Vereadores, entidades criadas a partir de 1991 com o objetivo de superar as fronteiras dos municípios vizinhos no momento de encontrar soluções para os problemas. Nelas, discute-se questões como transportes, lixo, desemprego e enchentes.

"Não adianta resolvermos o problema das enchentes de Diadema e não resolvermos o de São Bernardo", observa José Augusto. "É o mesmo rio que corta as cidades." O parlamentar do PPS comemora a atuação da bancada e diz que esta é conseqüência da organização da sociedade das sete cidades, que concentram sindicatos de peso. "Conseguimos, neste ano, fazer esta experiência", conta.

"Agora, nossa atuação ficou mais organizada", concorda Newton Brandão, do PTB. Para este parlamentar, o que ocorre na Assembléia é reflexo da cobrança dos 936 mil eleitores. "O eleitor da região do ABC é evoluído", avalia Brandão. "Nossa ação precisou melhorar porque o povo é exigente."

Os projetos apresentados pela bancada do ABC à LDO foram formulados em consultas a essas entidades. A Câmara Regional do ABC tem, por exemplo, um Conselho Consultivo do qual faz parte o governador Mário Covas e os prefeitos da região. "Este Conselho abriga os deputados e já aponta, de certa forma, qual será nossa ação no Legislativo", explica Fillipi.

O grupo não cuida apenas dos interesses da região no Orçamento. Em abril, a bancada do ABC aprovou moção no plenário a favor das propostas do Consórcio Intermunicipal para a reforma tributária em tramitação na Câmara.

Segredo - Para o segundo semestre, já há planos: ocupar os espaços possíveis na TV Legislativa, o canal a cabo da Assembléia que vai voltar ao ar, e no Fórum Parlamentar São Paulo Século 21, que ocorrerá na Casa - além, naturalmente, de pressionar o relator e o governo na elaboração do Orçamento do ano 2000, peça que define o destino dos recursos públicos.

O parlamentar revela, por fim, o segredo da coesão da bancada suprapartidária: não se deve falar da vida ou da ação política dos líderes de cada um - Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Ciro Gomes (PPS) e Paulo Maluf (PPB) - e, nos assuntos que não dizem respeito à região, cada um vota de acordo com sua consciência ou partido. Nada deve ser dito também sobre a campanha eleitoral do ano que vem, uma vez que a maioria pretende disputar prefeituras e, em alguns casos, serão adversários. "É assunto proibido", avisa Fillipi.

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Fabio Taroda , 2001