Quase quatro meses depois da posse, a
bancada do Grande ABC na Assembléia Legislativa ainda não
conseguiu demonstrar a prometida união em torno dos interesses
regionais, principal bandeira de campanha dos sete deputados
eleitos no ano passado. Desentrosados, os cinco parlamentares
governistas e dois da oposição dão mostras de que suas posições
ideológicas, partidárias e até pessoais vêm se sobrepondo
aos interesses específicos da região.
A bancada até que se esforça, mas só quando
o assunto não resvala nos interesses do governador Mário Covas.
O racha, porém, é certo se os deputados tiverem de votar um
projeto que beneficie o governo mesmo que contrarie as necessidades
da região. Dois projetos de Covas servem de exemplo desse
racha e dessa desunião. Apesar da grita geral de prefeitos
e entidades regionais, um autorizou o governo do Estado a
assumir as dívidas da Eletropaulo Metropolitana e outro permitiu
Covas a fazer uma compensação de débitos e créditos envolvendo
os precatórios do Estado (calculados em R$ 4 milhões pelo
governo) e as dívidas de contribuintes com ICMS (Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Serviços).
Os dois foram aprovados, um deles com o
parecer favorável do relator especial, ninguém menos do que
o deputado José Augusto da Silva Ramos (PPS-Diadema). "Então
eu pergunto: Quem está defendendo a região? Eu queria que
a bancada ficasse do lado do Grande ABC na votação desses
projetos. As diferenças políticas vão acabar diluindo a bancada,
que vai se reunir apenas por formalidade", prevê José de Filippi
Júnior (PT-Diadema).
A união até já aconteceu, mas quando era
o único caminho da bancada. Foi o que ocorreu na briga para
incorporar emendas regionais à LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias)
estadual para o ano que vem. Houve consenso, e até união de
forças, mas, ainda assim, não foi fácil garantir a aprovação
de nove propostas ao projeto do governo.
No primeiro parecer do relator da LDO,
deputado Roberto Engler (PSDB), nenhuma das 65 emendas apresentadas
pela bancada regional foi aceita. Só uma semana depois e com
uma nova redação menos específica, nove propostas foram incorporadas.
"A bancada está unida em defesa da região. O que diferencia
são os projetos gerais do Estado. Neste caso, existem as divergências
e temos de respeitar", disse Vanderlei Siraque (PT-Santo André).
Newton Brandão (PTB-Santo André) acredita que as diferenças
"engrandecem" a discussão dos projetos.
Se houve união em torno da LDO, também
houve omissão. Daniel Marins (PPB-São Caetano) e Ramiro Meves
(PL-São Bernardo), membros da Comissão de Finanças e Orçamento,
não compareceram à votação do primeiro parecer do relator.
Eles alegaram "outros compromissos".
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