A Câmara de Santo André deve criar nesta
terça mais obstáculos para a aprovação, no Legislativo, dos
projetos enviados pelo prefeito Celso Daniel. Na primeira
sessão após o recesso parlamentar, os vereadores escolhem
os integrantes das principais comissões permanentes da Casa
e têm tudo para ficar com os cargos mais cobiçados - a começar
pela maioria parlamentar, formada pelo chamado Grupo dos 13.
O bloco já decidiu indicar o vereador Márcio
Pereira (PSDB) como presidente da Comissão de Justiça e Redação,
acompanhado por Francisco Alberto (sem partido) e Luiz Manssur
(PPB). André Sanches foi o escolhido do grupo para presidir
a Comissão de Finanças e Orçamento.
Essas são as comissões que podem segurar
e atrasar a votação dos projetos considerados importantes
para a administração. "Agora eles terão de respeitar os questionamentos
da oposição sobre os projetos", disse o oposicionista Franco
Masiero (PTB). "O meu conselho é que o próprio prefeito sente
para conversar com a oposição".
Márcio Pereira já adiantou que não hesitará
em propor alterações em projeto quando julgar necessário,
mesmo àqueles de autoria do Executivo. Para Pereira, se a
presidência das comissões importantes ficar mesmo com a oposição,
os projetos serão mais discutidos e a Câmara deixará de ser
o "cartório do prefeito". "Durante dois anos, o Legislativo
apenas homologou as iniciativas do Executivo", disse Pereira.
Ele acredita que a discussão poderá resolver
possíveis erros técnicos dos projetos. "Podemos também julgar
o mérito da proposta, saber se ela é boa ou não para a cidade",
completou Pereira.
Já André Sanches, que tem seu nome cotado
pela oposição para presidir a Comissão de Finanças e Orçamento,
disse que foi convidado pelo presidente Israel Santana para
exercer o cargo. Sua expectativa é de que a oposição aprove
os projetos considerados bons para a cidade, independentemente
da vontade dos petistas e da administração. "Tenho condições
de fazer isso brincando", afirmou.
Para o ex-presidente da Câmara, Vanderlei
Siraque (PT), os vereadores têm o direito de pleitear a presidência
de qualquer comissão, mas devem ter "alto conhecimento" para
assumir a responsabilidade. "Não podemos interferir nesse
acordo firmado pela oposição. Vamos ter de aguardar o que
eles vão deixar para o PT", disse Siraque. Para ele, as comissões
não devem ser compostas por vereadores do mesmo bloco. "Não
acho democrático, mas é uma questão de interpretação."
O também petista Ricardo Alvarez disse
que vai pleitear a Comissão de Educação. "Se for possível,
mas não vou brigar por isso. Agora a gente é minoria", reconheceu.
Os vetos do prefeito às emendas apresentadas
pelos vereadores da oposição ao Orçamento municipal devem
ser o próximo alvo do Grupo dos 13.
Segundo Masiero, a oposição deverá propor
a contratação de assistente financeiro, temporariamente, para
dar orientação técnica aos vereadores na derrubada dos vetos.
"Precisamos de assistência, ou não fazemos nada", disse. O
vereador explicou que um projeto criando o cargo deve ser
colocado em votação ainda esta semana. Segundo ele, os vetos
ao Orçamento não devem ser votados antes de pelo menos três
semanas.
|