Levantamento feito pelo Instituto Fernand Braudel, que estuda
a violência, mostra que as cidades do Grande ABC melhoraram
suas posições no ranking da criminalidade entre
os anos de 1995 e 2000, pelo menos no quesito sobre a ocorrência
de homicídios. O estudo abrange 65 municípios
paulistas com população superior a 100 mil habitantes
e demonstra que somente Santo André permaneceu na mesma
posição (22º lugar) no ranking de maior
ocorrência de assassinatos nos dois anos pesquisados.
Nas outras cinco cidades da região que têm população
superior a 100 mil moradores, houve queda de posição
no ranking dos homicídios. Só Rio Grande da
Serra ficou de fora do estudo - tem população
abaixo dos 100 mil .
Apenas duas cidades da região, Ribeirão Pires
e São Caetano, tiveram queda nos coeficientes de homicídios
por 100 mil habitantes, medida usada para quantificar as ocorrências.
Em Ribeirão, o coeficiente de homicídios caiu
de 35 em 1995 para 28 no ano 2000. Em São Caetano,
a taxa de homicídios por 100 mil baixou de 18 para
14 nos mesmos períodos pesquisados. Em Mauá,
Diadema e São Bernardo houve aumento nos coeficientes,
mas as posições dos municípios no ranking
estadual melhorou.
Segundo um levantamento feito pelo Departamento de Polícia
Judiciária da Macro Região de São Paulo,
a pedido do deputado estadual Vanderlei Siraque (PT), o número
de homicídios ocorridos no Grande ABC caiu de 1.170
em 1999 para 1.077 no ano passado. No levantamento encaminhado
pela Secretaria Estadual de Segurança Pública
em resposta a um pedido de informações do deputado,
na Seccional de Santo André, que compreende também
os municípios de Mauá, Ribeirão Pires
e Rio Grande da Serra, foram registrados 501 homicídios
em 1999 e, no ano passado, 506.
Na Seccional de São Bernardo, que abrange São
Caetano, o número de homicídios em 1999 foi
de 300 e subiu para 304 em 2000. Em Diadema foram registrados
309 homicídios em 1999 e 267 no ano passado.
Siraque é membro da Comissão de Segurança
Pública da Assembléia Legislativa do Estado
de São Paulo e afirma que há dificuldades para
obter informações detalhadas sobre as ocorrências
de crime por municípios. "A Secretaria de Estado
da Segurança Pública esconde as estatísticas
e, com isso, prejudica o trabalho dos municípios e
da população no combate ao crime. Em muitos
casos, as medidas necessárias podem não ser
de competência da Secretaria de Segurança, mas
sim de outros órgãos públicos, como as
áreas sociais, de obras ou de planejamento, por exemplo".
Segundo informações da assessoria de imprensa
da Secretaria de Segurança Pública, as estatísticas
de registros das duas polícias estão em processo
de centralização.
Números ajudam a combater violência
Do Diário do Grande ABC
Segundo José Fernando Peres Netto, pesquisador do
Instituto Fernand Braudel, que estuda a violência, a
não divulgação de ocorrências policiais
detalhadas por municípios impede as análises
e as definições de políticas públicas
para o combate à criminalidade. "A Secretaria
de Segurança Pública, em vez de controlar a
criminalidade prefere controlar as estatísticas",
afirmou Peres Netto.
"Como os municípios e a população
podem ajudar no combate à violência se a secretaria
não divulga em quais locais há maior incidência
de crimes?", questionou. Segundo ele, o levantamento
feito pelo Instituto Fernand Braudel sobre as ocorrências
de homicídios nos municípios paulistas com mais
de 100 mil habitantes teve como base informações
conseguidas diretamente junto às polícias Civil
e Militar, mas não obteve dados oficiais por parte
da secretaria.
Peres Netto afirmou também que a Secretaria de Segurança
Pública do Estado de São Paulo deveria incentivar
a divulgação dos chamados pequenos delitos por
parte da população e agilizar os registros de
ocorrências nas delegacias. Segundo ele, nos municípios
paulistas pesquisados pelo instituto e nos quais foram registrados
os maiores números de ocorrências de furtos e
roubos relatados pela população às polícias
também foram verificados os menores índices
de homicídios, por exemplo.
"É importante que todos os crimes pequenos sejam
denunciados para que as polícias possam atuar com prevenção
nos locais de maior ocorrência", afirmou. O pesquisador
apontou a burocracia e a falta de agilidade nas delegacias
como fatores que desmotivam a população a registrar
os pequenos delitos. "Muitas vezes, o cidadão
tem de ficar duas horas na delegacia para registrar que teve
algum objeto furtado e isto faz com que muitas ocorrências
deixem de ser feitas", disse. - RO
|