"A escola possui uma estrutura falida e autoritária",
afirmou o deputado Vanderlei Siraque (PT), durante audiência
pública realizada nesta quarta-feira (26), na Assembléia
Legislativa, para debater a violência escolar em São
Paulo. Para o deputado, a secretária estadual da Educação
- que não compareceu à audiência nem enviou
representante - aplica uma "política de mordaça",
pois proíbe os diretores e professores de falar sobre
fatos que ocorrem dentro de suas unidades. "A escola
estadual é pública; portanto, tudo o que acontece
dentro dela deve ser tratado publicamente", declarou
Siraque, que tomou a iniciativa de promover a audiência,
por meio da Comissão de Segurança Pública.Pesquisa
realizada em 2000 pelo Sindicato dos Especialistas do Magistério
Oficial do Estado de São Paulo (Udemo) revela os números
da violência nas escolas. Segundo o presidente da entidade,
Roberto Augusto Torres Lemos, que participou da audiência,
dos 496 estabelecimentos estudados, 81% sofreram algum tipo
de violência; em 4% houve morte de alunos. "O tráfico
e o consumo de drogas aumentaram em relação
a 1999 e aparecem em 24% das escolas pesquisadas", disse
Lemos.Para o pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência
da Universidade de São Paulo (USP), Eduardo Brito,
os conselhos de escola devem ser formados com a participação
de toda a comunidade escolar. "Não adianta ter
um conselho formado só pelo corpo docente, pois sua
existência não tem sentido", declarou.A
falta de integração entre a escola e a comunidade
foi abordada pela secretária de Políticas Sociais
da Associação dos Professores do Ensino Oficial
do Estado de São Paulo (Apeoesp), Rita de Cássia
Cardoso. Para ela, a escola desrespeita a comunidade ao impedir
sua participação nas atividades escolares.O
diretor do Departamento de Investigações sobre
Narcotráfico (Denarc), Marco Antônio Ribeiro
de Campos, propôs a formação de um núcleo
multidisciplinar com a participação do Ministério
Público, de secretarias do Estado e universidades,
para o atendimento de usuários de drogas. A desinformação
é um dos fatores que acaba levando uma pessoa ao uso
de drogas, ele acredita. "Ou as pessoas estão
sendo mal informadas ou a prevenção não
está sendo feita corretamente, pois o número
de usuários hoje é muito grande" afirmou.
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