Deputados estaduais que compõem a bancada do Grande
ABC na Assembléia Legislativa estão cada vez
mais descontentes com o tratamento dispensando pelo governador
Geraldo Alckmin (PSDB) à região. A maioria das
críticas parte dos petistas e pode ser creditada à
antecipação da campanha eleitoral de 2002, mas
até o deputado Marquinhos Tortorello (PPS) confessa
não ter entendido a rejeição de todas
as 28 emendas apresentadas à Lei de Diretrizes Orçamentárias
(LDO).
O líder do governo na Assembléia, deputado
Duarte Nogueira (PSDB), e o chefe da Casa Civil, João
Caramez, negam qualquer má vontade do Palácio
dos Bandeirantes para com o Grande ABC e garantem que o relacionamento
do governador com os deputados não foi alterado.
Dos oito parlamentares da região, Vanderlei Siraque
(PT-Santo André) é o mais indignado. Na sua
opinião, o motivo de o plenário não aprovar
nenhuma das emendas é político. "Não
querem a nossa bancada forte porque estamos a pouco mais de
um ano da eleição", avalia.
Duarte Nogueira rebate e diz que a posição
de Siraque não condiz com a realidade. "Os deputados
sabem que as emendas pontuais não prosperam",
contesta.
O deputado Donizeti Braga (PT-Mauá) também vê
mudança no tratamento do Estado, pois no ano passado
a bancada conseguiu a aprovação de 16 emendas.
Braga disse que tentou justificar com os deputados governistas
o interesse coletivo das emendas, mas não teve sucesso.
"Não posso afirmar que na época do Covas
o relacionamento com o ABC era uma maravilha, mas com o Alckmin
piorou em 90%", desabafou o deputado Wagner Lino (PT-São
Bernardo), que acredita em nova visão política.
"O Estado não dá mais a importância
que o ABC merece. Acho que agora há outras regiões
prioritárias para o governador", completou.
João Caramez disse que, na medida do possível,
Geraldo Alckmin tem recebido todos os deputados. Segundo a
assessoria do Palácio, não existe nada contra
nenhuma região.
Para o deputado Marquinhos Tortorello (PPS-São Caetano),
as emendas não foram contempladas porque a articulação
junto ao PSDB foi malfeita. "Também estou querendo
entender o que aconteceu. Vou continuar procurando o líder
do governo para obter uma resposta", disse.
A única opinião diferente é do deputado
José Augusto da Silva Ramos (PPS-Diadema), que aponta
a intransigência da bancada petista como principal motivo
de a Assembléia não ter acatado as emendas.
"A política que o PT faz na Casa dificulta o relacionamento
com o governo", justificou Ramos.
O líder do governo, Duarte Nogueira, faz questão
de ressaltar que o Estado continuará a investir no
ABC, independente das emendas aprovadas ou não pela
Assembléia. Os deputados Ramiro Meves (PL-São
Bernardo), Newton Brandão (PTB-Santo André)
e Daniel Marins (PPB-São Caetano) não retornaram
os recados da reportagem do Diário para expressar suas
opiniões.
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