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Blindagem à tucana

As Comissões Parlamentares de Inquérito, popularmente chamadas de CPIs, são comissões temporárias formadas por um grupo de parlamentares a fim de investigar algum fato sobre o qual recaia indícios de irregularidade, ou seja, têm por objetivo fiscalizar o Poder Executivo, em nosso caso, o Governador do Estado.

Nos últimos anos as CPIs ganharam destaque devido ao importante serviço que prestam à sociedade, desmantelando esquemas de corrupção e moralizando diversos setores da administração pública. No Estado de São Paulo, por exemplo, o trabalho investigativo realizado pela “CPI dos Precatórios Ambientais” poupou o Estado de pagar indenizações altíssimas, fixadas por um esquema de corrupção instaurado em repartições públicas estaduais.

Infelizmente, apesar de toda a sua reconhecida importância, desde o início desta legislatura, março de 2002, nenhuma CPI foi instaurada na Assembléia Legislativa de São Paulo. Atualmente, há mais de cinqüenta pedidos de CPIs “engavetados”, impedindo relevantes assuntos de serem investigados e possíveis criminosos de serem punidos.

Neste sentido, não há outra justificativa para explicar a postura da bancada governista da Assembléia em obstruir a instauração desse instrumento de fiscalização, senão o temor de que as investigações levadas a diante pelas comissões revelem irregularidades praticadas no governo de Geraldo Alckmin, o que nos leva a crer que provavelmente elas existam, pois não há motivo para tanta relutância em permitir ao legislativo o exercício de uma de suas principais funções, a fiscalizadora.

Outro problema repousa na injustiça que esta situação representa, uma vez que não somente aqueles que conspurcam com esta verdadeira blindagem à instauração de CPIs, como todo o parlamento paulista, são prejudicados, inclusive os próprios autores de requerimentos das Comissões Parlamentares de Inquérito, pois, muitas vezes, pela falta de informação, a população coloca todos os parlamentares em um mesmo patamar.

Mas com certeza é a população quem mais sofre danos com essa manobra da bancada governista, pois possíveis desvios de dinheiro público que poderiam ser evitados, como aconteceu na CPI dos Precatórios Ambientais, e utilizados em projetos de interesse público, podem estar descendo pelo ralo da corrupção.

A função fiscalizadora do poder legislativo estadual, para muitos, é a mais importante das prerrogativas deste parlamento, porque ao atribuir aos Estados competência legislativa basicamente residual, ou seja, matérias que não competem à União nem aos municípios, a Constituição Federal limitou a atuação dos Estados em matéria legislativa, destacando destarte a sua função fiscalizadora.
Enquanto o legislativo paulista se deixar coagir pela influência do Poder Executivo e não permitir a instauração deste poderoso instrumento de investigação, quais sejam as CPIs, possíveis irregularidades deixarão de ser investigadas e aqueles que mais se beneficiam com a falta de fiscalização, os corruptos, germinarão em solo fértil.



Deputado Estadual Vanderlei Siraque (PT) é advogado e integrante das Comissões de
Constituição e Justiça e de Segurança Pública da Assembléia Legislativa


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Fabio Taroda