Contra o PLC 29/09 e o descaso com o magistério paulista
Durante todo o mês recebi centenas de mensagens eletrônicas de repudio ao PLC 29/09, que institui um polêmico sistema de promoção para os professores da rede estadual. Agradeço a todas e a todos que orientaram o meu voto contrário ao PLC com os valiosos e-mails. O projeto do governador Serra, do secretário de Educação, Paulo Renato, e aliados do PSDB e DEM foi aprovado por 48 votos favoráveis e 21 votos contrários. Todas as emendas da oposição foram rejeitadas pela bancada governista, inclusive uma de minha autoria, que garantia a ascensão para todos os educadores que obtivessem uma nota mínima na tal "prova e avaliação". Reitero que votei contra o projeto em decorrência do mesmo discriminar professores, alunos e escolas, porque o Estado não pode partir do pressuposto que apenas 20% dos profissionais da educação serão bons e os outros 80% serão automaticamente rejeitados. O projeto discrimina alunos, pois pela lógica do governo, 20% dos alunos terão professores aprovados na avaliação e os outros 80% dos alunos terão professores reprovados. Então a qualidade do ensino, pela lógica assumida por eles, não será igual para todos os alunos. Entendo que a discriminação fere o princípio constitucional da isonomia e igualdade entre as pessoas. A Constituição veda qualquer forma e discriminação. O projeto não dá conta da redução da violência nas escolas, não se preocupa com a formação continuada para os educadores, joga na lata do lixo os professores aposentados, não tem preocupação com o módulo escolar completo e tão pouco com o projeto pedagógico. A educação deveria preparar os alunos e as pessoas para a cidadania e para o mundo do trabalho. Porém, não acontece nenhuma coisa e nem outra. Na verdade o governo tem que pensar a educação, não como um projeto do governador de plantão, mas como um projeto de Estado, como política pública de continuidade e aperfeiçoamento, independente de quem seja o governo ou partido político. É lógico que defendemos um novo plano de cargos, de carreira, de salários e de promoção vertical e horizontal para todos os educadores, combinado com um novo projeto pedagógico. Chega de culpar os professores e vamos jogar as responsabilidades em quem governa mal o Estado de São Paulo há 26 anos.
Deputado Vanderlei Siraque (PT-SP) - Membro efetivo da Comissão de Segurança Pública e Vice-Presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa de São Paulo
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