Pesquisa retrata perfil do professor
Ministério da Educação
Brasil tem mais de 2,6 milhões
de professores na Educação Básica e Superior,
responsáveis pela educação de 57,7 milhões
de brasileiros. Cerca de 80% dos docentes de ensino infantil,
fundamental e médio atuam em escolas públicas e
15% do total estão em escolas rurais. Na Educação
Superior, eles totalizam 220 mil.
Os dados fazem parte do estudo Estatísticas
dos Professores no Brasil, produzido pelo Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC),
com base em dados do Censo Escolar, Censo da Educação
Superior, Sistema Nacional de Avaliação da Educação
Básica (Saeb) e Pesquisa Nacional por Amostragem Domiciliar
(Pnad/IBGE). O texto está disponível no endereço
do INEP e apresenta uma radiografia bastante ampla da situação
do docente brasileiro.
O estudo mostra que um professor
que atua na Educação Infantil ganha, em média,
R$ 423 no País. Docentes que lecionam em turmas de 1ª
a 4ª séries recebem R$ 462 e de 5ª a 8ª,
R$ 600. Já um professor que atua no nível médio
ganha, em média, R$ 866.
Em relação à
infra-estrutura, 45% dos profissionais de educação
trabalham em escolas públicas sem biblioteca, 74% em estabelecimentos
sem laboratório de informática e cerca de 80% não
contam com laboratórios de ciências.
O número de homens e mulheres
e o tempo de dedicação ao trabalho variam de acordo
com a disciplina e o nível de ensino. Na 4ª série
do ensino fundamental, as mulheres representam mais de 90% do
quadro profissional no País, nas disciplinas de Português
e de Matemática. Já na 3ª série do Ensino
Médio, em Matemática, os homens somam 55% dos docentes.
Os professores com maior carga horária
estão na 3ª série do Ensino Médio, em
Língua Portuguesa: 25% deles trabalham mais de 40 horas
semanais. A maioria dos docentes tem carga de trabalho semanal
superior a 20 horas.
Professor da Educação Infantil
ganha até 20 vezes menos que um juiz
A remuneração de um professor do Ensino Médio,
de R$ 866, é quase a metade do salário de um policial
civil e um quarto do que ganha um delegado de polícia no
Brasil. Entre o menor salário, de professor da Educação
Infantil, e o de juiz, a diferença chega a ser de 20 vezes.
As diferenças salariais também
são marcantes entre os professores nas diversas regiões
do País, sendo que os menores rendimentos estão
no Norte e Nordeste. Um professor da região Sudeste ganha,
em média, duas vezes mais que seu colega da região
Nordeste. Na educação infantil, por exemplo, o professor
do Sudeste ganha R$ 522 e o do Nordeste, R$ 232. No ensino fundamental,
de 5ª a 8ª séries, os salários são
R$ 793 e 373, respectivamente nas regiões Sudeste e Nordeste.
Segundo o estudo, o salário
dos professores é o índice de maior peso no cálculo
do custo do aluno. Como a maioria dos professores da Educação
Básica encontra-se na rede pública, totalizando
85% das funções docentes, isso implica na necessidade
de uma reformulação da política de financiamento.
45% dos docentes lecionam em escolas sem
biblioteca
As condições de trabalho em relação
à infra-estrutura das escolas da Educação
Básica variam de acordo com a região sendo, de modo
geral, insuficientes. Nas escolas públicas brasileiras,
45% dos professores atuam em escolas sem biblioteca. Na região
Nordeste, essa é a realidade para 66% dos mestres.
A existência de laboratório de Ciência para
aulas práticas configura-se no pior indicador de infra-estrutura.
No País, 80% dos docentes trabalham em escolas que não
contam com este suporte pedagógico. Nas regiões
Norte e Nordeste, esta situação atinge 94% dos profissionais.
O número de alunos por turma
também é considerado elevado em todos os níveis
de ensino. Na creche, por exemplo, a média é de
quase 18 alunos por turma. No ensino médio é de
mais de 37 sendo que mais de 20% das turmas deste nível
de ensino no País possui mais de 40 alunos.
Em relação ao tempo
de dedicação ao magistério, a maioria dos
docentes tem carga horária semanal superior a 20 horas.
Na 3ª série do ensino médio, quase 25% dos
professores de Língua Portuguesa e Matemática estão
submetidos a uma carga horária superior a 40 horas.
"Independentemente da causa,
a dupla ou tripla jornada, com certeza, compromete o desempenho
do professor, pois concorre com outras atividades que exigem tempo
adicional para docência: planejamento das atividades em
sala de aula, disponibilidade para oferecer atendimento ao aluno
e atividades administrativas relacionadas à escola",
afirmam os autores do estudo Estatísticas dos Professores
no Brasil.
Mesmo com avanços, há necessidade
de melhoria na escolaridade
A formação dos professores melhorou em todos os
níveis de ensino e houve redução dos professores
leigos na última década. Contudo, afirma o estudo,
"apenas 57% dos docentes que atuavam na pré-escola,
ensino fundamental e ensino médio, possuíam formação
em nível superior, que seria aquela ideal".
Na pré-escola, por exemplo,
27% dos 259 mil docentes tinha nível superior, em 2002,
contra 17%, em 1991. O índice de profissionais com o fundamental
incompleto caiu de 6% para apenas 1%, neste período. Considerando
a formação exigida pela Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional (LDB) - magistério ou
licenciatura - 91% dos professores que atuam neste nível
de ensino possuem a formação adequada.
No ensino médio, das 469 mil
funções docentes, 89% têm a graduação
completa e 79% deles a licenciatura. Neste nível de ensino,
no entanto, quase 11% dos docentes ainda possui somente o ensino
médio completo, indicando a necessidade de maiores investimentos
em formação.
Na educação superior,
do total de professores em 2001, 54% tinha mestrado ou doutorado
concluídos, 31% possui especialização e cerca
de 15% concluíram somente a graduação. Em
1991, o percentual de mestres e doutores era de 35%, 19 pontos
percentuais menor.
Crescimento da licenciatura não supera
demanda por professores
Nos últimos anos o número de ingressos nos cursos
de graduação que oferecem licenciatura mais que
dobrou, passando de 166 mil, em 1991, para 362 mil, em 2002. Neste
período a matrícula cresceu de 556 mil para 1.059
mil e o número de cursos passou de 2.512 para 5.880, com
uma grande participação da rede pública,
que concentra 3.116 cursos.
Apesar do aumento no número
de licenciados, a estimativa de novos postos para atendimento
das metas do PNE mostra que haverá carência de mão-de-obra
até 2006. O problema deverá ser maior para as séries
finais do ensino fundamental e o ensino médio, principalmente
nas áreas de Física e Química.
Formação
continuada - Em geral, mais de 80% dos professores da educação
básica, de acordo com dados do Saeb, participaram de formação
continuada nos últimos dois anos. Esta realidade é
similar para todas as regiões do País.
No entanto, o cruzamento dessa informação com os
resultados alcançados pelos alunos nas provas de Língua
Portuguesa e Matemática do Saeb indica que os cursos de
formação continuada aparentemente apresentam pouco
impacto no desempenho dos alunos. Segundo o estudo , isso indica
"a necessidade de ampliar as pesquisas nesta área
e, eventualmente, reorganizar estes cursos, redefinindo seus objetivos
e métodos".
Formação dos docentes é
mais precária na zona rural
Lecionam em escolas da área rural brasileira cerca de 354
mil docentes, 15% do total. O campo concentra cerca de 50% dos
estabelecimentos de ensino de educação básica,
107 mil, e apenas 14% dos estudantes. As escolas são, geralmente,
pequenas e com um único professor que trabalha com turmas
multisseriadas.
Em função destas características,
o quadro de carência de pessoal qualificado no meio rural
é ainda mais crítico do que na zona urbana. No Brasil,
cerca de 9% dos docentes da zona rural que atuam nas séries
iniciais do ensino fundamental têm formação
superior. Na zona urbana esse contingente representa 38%.
As regiões Norte e Nordeste
apresentam situação ainda mais problemática.
Na Norte, menos de 1% dos professores das séries iniciais
do ensino fundamental têm graduação enquanto
na Região Sul chega-se a 23%. Por outro lado, o quantitativo
de docentes leigos neste nível de ensino na região
Norte é de 12% e de 4% para a Sul.
Censo permitirá conhecer o número
de professores por disciplina
Um número ainda desconhecido nas estatísticas educacionais
do País será revelado no Censo dos Profissionais
do Magistério: a quantidade de professores por disciplina
da educação básica. Com isso, será
possível detectar a real demanda de docentes nas escolas.
O levantamento começa a ser realizado em novembro, e sua
divulgação está prevista para o próximo
ano.
Para coletar as informações,
o Inep enviará cerca de 2,5 milhões de formulários
a 212 mil escolas públicas e privadas. Com o Censo, será
conhecido, além do perfil do professor, a prática
pedagógica e os recursos disponíveis para a realização
do trabalho docente.
O levantamento também vai
apresentar com maior exatidão os salários pagos
aos professores e aos demais trabalhadores do setor. Possibilitará,
ainda, a elaboração de um cadastro para Sistema
Nacional de Certificação e Formação
Continuada de Professores.
Deverão responder ao Censo
os profissionais que exerçam alguma função
docente ou de suporte pedagógico direto na escola. Quem
atua em mais de um estabelecimento de ensino deverá preencher
um formulário em cada escola. O cruzamento dos dados será
feito pelo próprio Inep.
Perfil do
Professor no Brasil
Escolaridade - professores
que atuam de 1º a 4º série |
|
1991
|
2002
|
Com formação
até o fundamental |
17,4%
|
2,8%
|
Com formação
média (magistério) |
57,7%
|
64%
|
Com
formação superior |
18,3%
|
26,4%
|
Salários
|
Número de Profissionais
no Brasil
|
Rendimento médio em 2001 - R$
|
Professor
de educação infantil |
20.232
|
422,78
|
Professor
de 1º a 4º série |
881.623
|
461,67
|
Professor
de 5º a 8º série |
521.268
|
599,85
|
Funções
adm. (superior) |
149.575
|
849,16
|
Professor
de nível médio |
348.831
|
866,23
|
Suboficial
das Forças Armadas |
517.038
|
868,73
|
Polícia
Civil |
72.743
|
1.510,64
|
Delegado |
13.973
|
2.660,52
|
Médico |
257.414
|
2.973,06
|
Condição de
Trabalho
|
Número
médio de alunos por turma em 2002
|
Rede
Pública
|
Rede
Particular
|
Creche |
17,8
|
21,1
|
14,1
|
Pré-escola |
21,1
|
24,2
|
15,5
|
De
1º a 4º série |
26,3
|
27,9
|
18,6
|
De
5º a 8º série |
32,4
|
33,4
|
26,6
|
Ensino
Médio |
37,2
|
38
|
32,6
|
Confira
as Estatísticas dos Professores no Brasil na íntegra
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