O ABC tem Direitos
à Universidade Pública
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Artigo publicado no
jornal Diário do Grande ABC, no dia 04 de dezembro
de 1999.
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Desde meados da década de 80,
acompanhamos o movimento pela criação a "Universidade do ABC estadual,
pública, gratuita e democrática, no acesso e na permanência do aluno".
O movimento fez centenas de reuniões e gestões com governantes do
Estado, prefeitos, parlamentares e outras autoridades, o que culminou
na aprovação, pela Assembléia Legislativa, da Lei Estadual nº 9.083/95,
que autorizou o governador a criar a Universidade Estadual Pública
do ABC. Porém, a lei não saiu do papel, especialmente em decorrência
do descaso do governador e do desânimo do movimento.
Este ano a bancada de deputados
do Grande ABC apresentou emenda ao projeto de orçamento público
do Estado remanejando verbas para que o governador possa cumprir
a lei, dando início aos estudos para a criação da nossa Universidade
Pública. Mas quais são as razões que nos levaram a reivindicar uma
Universidade Pública para o Grande ABC?
1 - O artigo 52 do ADCT da Constituição
do Estado de São Paulo diz que "... o Poder Público estadual implantará
ensino superior público e gratuito nas regiões de maior densidade
populacional, no prazo de até três anos, estendendo às unidades
das universidades públicas estaduais e diversificando os cursos
de acordo com as necessidades socioeconômicas dessas regiões".
Parágrafo único- "A expansão do
ensino superior público a que se refere o caput poderá ser viabilizada
na criação de universidades estaduais..."
2 - No Estado temos três universidades
públicas: USP (São Paulo, Ribeirão Preto, São Carlos, Bauru, Piracicaba),
Unesp (São Paulo, Franca, Araçatuba, Araraquara, Assis, Bauru, Botucatu,
Guaratinguetá, Ilha Solteira, Marília, Jaboticabal, Presidente Prudente,
Rio Claro, São José dos Campos e São José do Rio Preto) e Unicamp
(Campinas).
3 - O Estado mantém as seguintes
faculdades públicas isoladas: Faenquil (Lorena), Medicina (Marília)
e Medicina (São José do Rio Preto).
4 - O Estado investe nas universidades
e faculdades públicas 9,57% de toda a arrecadação do ICMS.
5 -O Grande ABC é a região que
mais contribui, após a capital, com o PIB e com a arrecadação paulista.
6 - A universidade pública estadual,
além de ser um direito dos cidadãos abecedianos, é fundamental para
a manutenção e ampliação do nosso desenvolvimento social, econômico
e cultural.
7 - Temos, ainda, as universidades
federais, como Paulista de Medicina e Universidade Federal de São
Carlos, que também não se localizam na região.
Os argumentos se dão pelos fatos,
os quais demonstram que as autoridades responsáveis não estão cumprindo
os critérios estabelecidos na Constituição do Estado, uma vez que
não restam dúvidas de que somos a região com maior densidade populacional
paulista, depois da capital.
Por isso, não é leviano afirmar
que sempre fomos e continuamos a ser discriminados pelos cidadãos
que governaram e que governam o Estado de São Paulo.
Assim, não temos o direito de
continuar omissos. Vamos lutar pelos nossos direitos, fortalecendo
o movimento pela criação da Universidade Pública Estadual do Grande
ABC, já que não basta apenas produzir e colaborar com a receita
estadual. É preciso que os investimentos estaduais alcancem a nossa
região.
A luta pela UABC é um exercício
de cidadania que compete a todos os setores da sociedade, sejam
empresários ou trabalhadores, prefeitos, vereadores, deputados,
religiosos e outras entidades, pois todas as pessoas de bem, independentemente
da ideologia, certamente se orgulhariam em ver uma universidade
pública instalada em nossa região.
Vanderlei Siraque é
deputado estadual (PT-Santo André).
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