O que é Clientelismo Político e como
superá-lo ?
A maioria dos políticos brasileiros
é clientelista. Mas o que significa o vocábulo? Clientelismo é a
utilização dos órgãos da administração pública com a finalidade
de prestar serviços para alguns privilegiados em detrimento da grande
maioria da população, através de intermediários, que podem ser prefeitos,
vereadores, servidores públicos, deputados, secretários, pessoas
influentes, etc.
O clientelismo tem a finalidade
de amarrar politicamente o beneficiado. Os intermediários de favores,
prestados às custas dos cofres públicos, são os chamados clientelistas,
despachantes de luxo ou traficantes de influências. O grande objetivo
dos intermediários é o voto do beneficiado ou dinheiro (corrupção).
Muitos munícipes pensam que somente
trabalham a seu favor os vereadores que são verdadeiros despachantes
de luxo, clientelistas. Estes munícipes enxergam o vereador como
uma autoridade que será capaz de lhe arrumar um emprego na prefeitura
ou lhe encaminhar para alguma empresa privada acompanhado de uma
cartinha de recomendação, ou, ainda, para lhe dar passagem, para
"quebrar galhos" junto aos órgãos públicos, para ajudá-lo a não
cumprir a legislação.
Concluímos que os próprios munícipes
pressionam os vereadores e outras autoridades a serem clientelistas.
Aquilo que o munícipe deveria ter direito enquanto cidadão, passa
a ser uma dádiva das autoridades, quando na realidade as autoridades
deveriam estar brigando para que todos tivessem direitos e deveres
iguais e se transformassem em cidadãos e cidadãs ativos, sujeitos
de direitos e deveres.
O clientelismo é a porta da corrupção
política e o pai e a mãe das irregularidades e do uso da "máquina
administrativa" com finalidades perversas e no final da história
os prejudicados são a maioria dos cidadãos e cidadãs que cumprem
com seus deveres.
Propostas para combater o Clientelismo
- Descentralização do poder estatal, através
da democratização das decisões, como co-gestão dos espaços comunitários:
parques públicos, unidades de saúde, fundações, escolas;
- Transparência dos atos da administração
pública;
- Informação correta aos munícipes, como
divulgação dos serviços públicos existentes e como ter acesso
a eles;
- Critérios bem definidos e democráticos para
a utilização dos espaços e serviços públicos, a fim de garantir
a igualdade de condições ao acesso, especialmente quando a demanda
for maior que a oferta. Citamos, como exemplo, critérios sócio-econômicos
para matrículas em creches;
- Ter como prioridade da administração a
prestação de serviços com qualidade aos cidadãos e cidadãs;
- Qualificação e requalificação dos servidores
públicos;
- Estruturação da "máquina administrativa",
como a informatização, central de informações, telefone exclusivo
para reclamações e reivindicações, racionalização administrativa,
aumentar a capacidade da prefeitura para a prestação dos serviços
com rapidez e qualidade;
- Conscientização e organização da sociedade,
através da abertura de canais de participação nas decisões, como
a discussão do orçamento público, discussão das prioridades do
município, do planejamento urbano, leis de zoneamento, uso e ocupação
do solo, posturas, código de obras;
- Instituir o "ouvidor do município", a fim
de que este receba as reclamações dos munícipes sobre a qualidade
dos serviços e sobre eventuais privilégios e tome as devidas providências.
Saliento que diversas administrações tomaram as
medidas sugeridas e obtiveram grande sucesso no combate ao clientelismo
político. Citamos, como exemplo, as administrações de Santo André
e a de Porto Alegre.
VANDERLEI SIRAQUE
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