Educar para o trabalho e cidadania ativa
Foi apresentado à Assembléia Legislativa
um projeto de lei, PL
757/99, que visa instituir o programa de desenvolvimento
de atividades de pesquisa nas unidades escolares de ensino médio
do Estado de São Paulo, com o intuito de vincular a educação
com o mundo do trabalho e a prática social, preparando, assim, os
alunos para o exercício da cidadania ativa, através da interdisciplinaridade,
nas suas mais variadas formas, partindo do princípio de que todas
as áreas do conhecimento mantêm um diálogo permanente entre si,
que pode ser de questionamento, de negação, de complementação, de
ampliação, de iluminação de aspectos não distinguidos e reafirmando
o conceito de que o ensino deve ir além da descrição e procurar
constituir nos alunos a capacidade de analisar, explicar, prever
e intervir, objetivos que são mais facilmente alcançáveis se as
disciplinas, integradas em áreas de conhecimento, puderem contribuir,
cada uma com sua especificidade, para o estudo comum de problemas
concretos, ou para o desenvolvimento de projetos de investigação
e de ação.
O projeto que apresentamos objetiva
desenvolver no educando sua capacidade de problematizar o real,
investigá-lo em seus vários aspectos e, sobretudo, de aprender a
aprender de forma integrada e coletiva, já que o trabalho de pesquisa
será desenvolvido em equipes com, pelo menos, quatro alunos, visando
contribuir para o desenvolvimento da capacidade de interação do
indivíduo com o outro e a construção de identidades positivas, aspecto
fundamental no exercício da cidadania ativa e participativa.
O desenvolvimento de atividades
de pesquisas discentes sobre questões relativas a temas interdisciplinares,
permite a construção de uma Educação de qualidade social, através
da qual os indivíduos se tornem aptos ao questionamento, a problematização,
à tomada de decisões coletivas possíveis e necessárias ao encaminhamento
dos problemas de cada um e da comunidade.
Apesar das pesquisas serem livremente
definidas, sugerimos, com muita ênfase, os temas relacionados às
comunidades onde as unidades escolares estão situadas, com o intuito
de desenvolver na comunidade escolar a reflexão sobre a realidade
onde vivem, estudam e trabalham e como podem e devem contribuir
com a transformação desta realidade.
O resultado das pesquisas elaborado
pelos alunos, com o apoio dos professores, será encaminhado às autoridades
competentes para que solucionem os problemas detectados e, também,
deverão ser apresentados em mostras anuais públicas com o objetivo
de troca de experiências entre as diversas Unidades Escolares e
entre elas e a comunidade do bairro, onde estiverem instaladas.
Portanto, a Unidade Escolar sairá
de seus muros e abrirá suas portas para o seu entorno para conhecer
e transformar a realidade, através de ações concretas. Quando a
escola sai de seus muros e abre suas portas para se relacionar com
a população de seu entorno, ela se torna verdadeiramente pública
e na referência dos seus vizinhos, os quais, conhecendo sua importância,
colaboram com a sua proteção e segurança e respeitam a comunidade
escolar.
Assim, este projeto vai além das
pesquisas propriamente ditas, pois visa uma revolução nas relações
entre as Unidades Escolares e seus alunos, profissionais da educação
e a comunidade onde estão localizadas, com o intuito de melhorar
a qualidade de ensino e de vida, objetivando a preparação dos alunos
para a vida, para a construção de um mundo melhor, começando pela
sua escola, pela sua rua.
Vanderlei Siraque, advogado,
deputado estadual do PT/SP membro das comissões de Saúde e Higiene
e das Relações do Trabalho.
|