Basta ao roubo e
furto de veículos
Nesses quase dez anos de governo
tucano no Estado de São Paulo acompanhamos pusilânime
a evolução de diversas modalidades de crime. Os
números da violência atingiram patamares de intolerância.
A sensação de insegurança já não
é mais prerrogativa do morador das grandes cidades paulistas.
Quero direcionar essa manifestação
especificamente aos índices de roubo e furto de veículos
registrados no Estado de São Paulo que é campeão,
recordista nacional neste tipo de delito. Desde 1996 até
o primeiro semestre deste ano, o índice de roubo e furto
de veículos aumentou 31,70%. Em números absolutos,
1.591.155 (um milhão quinhentos e noventa e um mil cento
e cinqüenta e cinco) veículos foram subtraídos
de seus respectivos proprietários. Apresentados estes números
pergunto: quem já não teve ou conhece alguém
que teve o carro roubado ou furtado nesse Estado?
Responder a este questionamento
num Estado que é responsável por 49% das ocorrências
nacionais de roubo e furto de veículos é muito difícil.
Não é? Vamos, agora, fantasiar uma situação.
No ano passado, a produção nacional de veículos
automotores atingiu a marca de 1.827.038 unidades e, foram vendidas,
1.428.610. Se fizermos uma relação das unidades
vendidas em 2003 com as roubadas e furtadas em São Paulo
no mesmo ano, o Estado seria responsável pelo desaparecimento
de 13% desta produção.
O quadro se agrava mais quando
o assunto é a localização desses carros.
Segundo o Cadastro Nacional de Veículos Roubados, em 2003,
foram encontrados 184.943 carros num total de 379.767 desaparecidos
em todo o território brasileiro. De acordo com o órgão,
o número é 8,1% maior que no ano anterior. Mas a
média não foi acompanhada pelo Estado de São
Paulo que registrou um insignificante acréscimo de 0,55%
no quesito.
Voltando a nossa conjuntura, lembro
ainda que dos dez municípios paulistas líderes do
ranking de roubo e furto de veículos em 2003, oito pertencem
à região metropolitana da Capital. As cidades de
Campinas e Jundiaí completam o quadro. Diante desses fatos,
só podemos imaginar que estas localidades são uma
espécie de “mina de ouro” para os bandidos.
Os números são alarmantes.
Questiono então: O que
há de tão vantajoso por aqui para tantas ocorrências?
Quem está por trás disto? Estas dúvidas pairam
sobre a sociedade. A resposta que deveria partir do governo não
vem. Políticas para combater os crimes sequer são
apresentadas. E as incógnitas perduram por anos e anos.
Por coincidência, o valor
do seguro de um automóvel para quem reside nas cidades
da Região Metropolitana de São Paulo é estratosférico.
A disparidade de valores entre uma localidade e outra é
absurda. Assim, a sociedade é mais uma vez penalizada.
Se não bastasse a insegurança sentida por um indivíduo
ao sair pelas ruas de São Paulo, ele ainda tem de pagar
um alto preço para proteger o seu patrimônio. A falta
de competência do governo em combater a criminalidade também
afeta o bolso dos cidadãos.
Os veículos de comunicação
noticiam que membros da polícia, pessoas que deveriam estar
acima de qualquer suspeita, se envolvem em atos errôneos
e se somam ao grupo de bandoleiros corruptos como aconteceu em
Itaquaquecetuba, no mês de julho, onde o delegado titular
da cidade e mais três policiais de sua confiança
foram acusados de adulterar veículos apreendidos em blitzes.
Diante desses fatos, proponho
apuração minuciosa desta industria que gira em torno
do roubo e furto de veículos. Como representante da sociedade
proponho a criação de uma Comissão Parlamentar
de Inquérito para apurar possíveis envolvimentos
de policiais, irregularidades cometidas por empresas de seguros,
revendedores, recuperadoras de veículos e as atividades
dos desmanches.
Para responder alguns questionamentos
da sociedade, temos que colocar o dedo na ferida e enfrentar interesses
particulares. Temos que incomodar de vez os beneficiários
desta industria suja e desumana que só gera medo aos cidadãos
e cidadãs de bem.
Vanderlei Siraque é advogado,
deputado estadual e membro da
Comissão de Segurança
Pública da Assembléia Legislativa.
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